Essa pergunta deriva de uma das experiências mais impactantes da minha vida, a capoeiragem. Semelhante as inquietações que eu tive, e que me assombraram logo nos primeiros anos escolares. Para que eu chegasse até esta proposta de luta foram necessárias muitas pernadas nos campos de terra, nas rodas de samba e capoeira nas periferias de Campinas.
Sem que eu tivesse a menor idéia, eu praticava a decolonialidade, sem a noção teórica e conceitual do assunto. Minha família no alto de sua pluralidade, de certa forma expressou como ainda expressa essa existência decolonial e libertária. Não à toa migraram de trem para São Paulo, a exemplo de muitas outras famílias.
Parte dessa trajetória descreve a razão pela qual me encontro aqui, abrindo caminhos como forma de edificar em companhia de muitos outros agentes, práticas descoloniais e inclusivas, e de forma serena materializar uma certa utopia, concreta romantizada e desacreditada até mesmo por quem, em tese, deveriam tirar os sapatos e experimentar o chão de terra. Que o diga Guerreiro Ramos.
Crônicas Descolonias tem a pretensão de caminhar descalços por sobre os chãos de terra, por terreiros e rodas de capoeira. Os pés descalços permitem ler o chão em que pisamos. Passos descoloniais são encontros entre a espontaneidade do corpo marginal da periferia com os conceitos e bibliotecas de universidades.
Esse é um ponto permanente de largada, de deslocamentos e experiências. Crônicas Descolonais são pontos de partidas e de chegada ao mesmo tempo, trata-se de um estratégia, um aforismo de seu Zé e uma gargalha de dona Padilha.