Abrace teu pai, beije-o e diga que o ama. Aperte a sua mão e lhe dê um abraço eterno. Depois disso, visite-o sempre que o impossível não lhe permitir; tenha fé e não haverá e nem verá arrependimento.
Na medida em que o tempo, traiçoeiro e sábio passa, a sensação que te possuí é de esvaziamento, e você vai querer vê-lo de novo. Sim! e dizer mais uma vez que o ama; aquela sensação de esvaziamento não vai embora e a gratidão parece querer saltar-lhe a garganta num grito amarrado.
A sensação pretérita da falta, a necessidade inconsciente de dizer algo; de tocá-lo, a dor latejante da consciência que serve de bússola a caminho da honra e da gratidão; misto de sentimentos que embaralham à vista do pensamento. Mas não, trata-se do compromisso entre pai-amigo e filho. Amor maior do pai.
Na medida em que passa as horas, tudo aumenta. A iminência da dor da saudade é tão forte, quanto aquele silêncio reflexivo, diante dos quartos que tomaram por ora a sua vida.
Abrace teu pai, sempre; como se fosse o mais importante dos dias. Devo repetir. Abrace teu pai. Sinta o amor e o calor que transpira daquele corpo exaurido pelo tempo de pai. Um dia certo; e esse dia sempre chega. Sem que você perceba e em razão da frieza do tempo, o calor de que falei, lhe fará falta.
E aquela despedida chorada, não será mais breve; diferente de tantas outras passadas. Dessa vez é pra valer, ou não. Agora teu pai tem que ir embora, definidamente; e quem sabe num dia futuro poderá abraça-lo, tal como tantos dias passados, despretensiosos e alegremente felizes. Um beijo e até breve.