Doné Eleonora

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Com Doné Eleonora de Oya.

Doné não era só mãe de santo, era uma capoeira na acepção filosófica da expressão. Jamais correu da roda, jogou cantou dançou e lutou. Deu pernada e ensinou. Asé Doné

Inicialmente a ideia seria escrever uma homenagem em respeito e gratidão à Mãe de Santo “Doné Eleonora”. Por ter convivido em sua companhia, por me possibilitar caminhar por terreno antes nunca caminhado por um significativo espaço de tempo.

Ao iniciar o processo da escrita em homenagem a Doné percebi uma coisa. Percebi que uma só crônica não daria conta das histórias e das memórias com a mãe de santo. São muitas, das pedagógicas às triviais, das engraçadas às dramáticas. Não seria possível prestar minha gratidão escrevendo somente uma crônica. Sua luta daria um conto, um conto também não. Daria um livro, quem sabe.

A intensidade da sua vida, da sua luta não é equivalente a uma crônica por mais bem intencionada e bem escrita que seja, e por quem quer que seja. Não seria possível resumir sua trajetória no terreiro, na rua, na cultura e na política com uma crônica.

De modo que a partir de agora, inicio a minha obrigação, a de escrever as crônicas com Doné; à revelia dos oráculos e da feitura no candomblé, que descobri e que foi me dado, primeiro com os avisos de Doné e Dona Padilha, e que mais tarde me foi dado como uma missão espiritual num tratamento de apometria no kardecismo. Daquela vivência kardecista temporária veio a mensagem. Nada que Doné e Padillha já não tinham dito muito antes.

Preto Véio desceu e disse que o meu lugar não era ali no Kardecismo, era num Ilê. Preto Véio desenhou um tridente, uma espécie de carta de indicação que levei até Mãe Eleonora. Fiz o ebó, fiz o bori, e agora com o encantamento de Doné é necessária uma imersão na espiritualidade dos batuques e aguardar mais uma vez a luminosidade dos caminhos.

“Você tem talento, não desperdice” disse Doné há muito tempo. Os Caminhos estão abertos, faça a sua obrigação até que os dedos se cansem, até que as pernadas sejam possíveis. Asé, Mojuba Doné, estamos juntos.

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